quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os Elefantes Brancos Angolanos

Em 2010 Angola irá organizar a CAN 2010, tal como, aconteceu em Portugal que organizou o Euro 2004. Um investimento maciço em infra-estruturas, nomeadamente, estádios, sustentado em supostos estudos de viabilidade económica e financeira que apontavam para um beneficio económico muito maior do que o custo. Durante o evento viveu-se a euforia, as cidades organizadoras encheram-se de pessoas e o país era noticia em todo o mundo. O problema foi quando terminou a competição, o país ficou com 10 estádios novos cuja maioria não conseguiu e não consegue rentabilizar, são verdadeiros passivos que privaram outros sectores económicos dos meios financeiros para desenvolverem-se e modernizarem-se.
Em Portugal existem pelo menos 7 estádios que podemos considerar Elefantes Brancos porque representam verdadeiros buracos financeiros pagos pelo erário público, são investimentos de má qualidade porque não têm uma natureza reprodutiva na economia portuguesa, aliás, inclusivamente já se cogita a demolição de alguns deles, precisamente, devido aos elevados custos que comportam.
Sabendo dá má experiencia portuguesa, no que se refere, ao impacto deste tipo de eventos na economia, surpreende-me que um pais com tantas carências, priorize um investimento de tão baixa qualidade, porque parece-me notório que este evento jamais vai gerar cash-flows suficientes para se pagar a si próprio, basta analisar as deficientes condições hoteleiras do país, reduzidas em número e excessivamente caras, a falta de experiência e de visibilidade no turismo, sem mencionar, a falta de uma rede de transportes organizada e os elevados níveis de insegurança, prevejo que o afluxo de turistas para seguir as suas selecções em Angola será reduzido. Quando o evento terminar, Angola ficará para a posteridade e para a história com os seus Elefantes Brancos, sem saber muito bem o que fazer com eles, tal como, acontece em Portugal. Por vezes sinto que as elites angolanas ainda estão impregnadas de um colonialismo intelectual português mas subconsciente e totalmente demencial.