domingo, 10 de janeiro de 2010

CAN we do it?

O atentado contra a comitiva do Togo foi trágico e ameaça ensombrar a organização do evento. A gravidade do acto impõem necessariamente uma reflexão e que se tirem as devidas ilações para o futuro. Ser anfitrião de um evento como a CAN é prestigiante, pois permite uma grande notoriedade internacional mas também é uma responsabilidade porque implicou um grande investimento do Estado.
Para preparar este evento não basta apenas construir novas infra-estruturas desportivas dentro do prazo, também é um teste a capacidade de planeamento e de organização do país, nomeadamente, a nível operacional, logístico e segurança.
Sem querer especular parece-me que houve uma falha na segurança, a selecção do Togo foi a única a deslocar-se de autocarro, isto faz supor que os procedimentos de segurança não foram definidos e no caso de o terem sido não foram cumpridos.
A escolha de Cabinda como uma das sedes da CAN era arriscada, no entanto, fazia todo o sentido, era uma forma de promover a integração e a unidade nacional, era suposto que a CAN fosse uma festa de Angola e de todo o povo angolano, não fazia sentido ostracizar a província de Cabinda neste evento. No entanto, tendo em conta o carácter instável da província os parâmetros da segurança deviam ter sido muito mais rigorosos, Angola aceitou assumir um risco sem estar devidamente preparada a nível organizativo, tanto foi assim que ocorreu o atentado.
O atentado é totalmente condenável e inaceitável, foi um acto bárbaro, próprio de terroristas, alias a associação imediata de ideias foi relacionar este acto com o atentado terrorista islâmico de Munique, num momento em que os próprios EUA voltam a estar na mira de novos atentados islamistas, talvez, seja este o momento adequado para terminar de vez com este problema. A solução nunca será fácil porque Cabinda é um ponto sensível, uma reserva estratégica para as maiores potências mundiais não creio que o Governo tenha total autonomia para tomar decisões e agir porque Cabinda envolve demasiados interesses externos (petrolíferas) que não têm interesse em promover um conflito que destabilize a região. Creio que o mais importante será não estigmatizar esta província depois do atentado e encontrar uma solução que permita erradicar o problema, mas talvez a lição mais importante será aprender com os erros, a organização não pode ser fruto do acaso tem que obedecer sempre a um rigoroso planeamento.