A Pressão do Ciclo Político
Quando Luanda foi palco da primeira manifestação pacífica, que acabou reprimida pela policia com a detenção dos manifestantes, abriu-se na cena política um elemento de imprevisibilidade, nomeadamente, qual seria o posicionamento das diferentes forças políticas e a reacção futura dos manifestantes. Nós apostamos por uma tendência para a continuidade e o reforço das manifestações, principalmente, devido ao nervosismo inicial denotado pelo MPLA e a confrangedora actuação policial.
O fenómeno é interessante de analisar, a primeira manifestação surge num contexto de convulsão política e social no Norte de África e com uma nova Constituição da República aprovada, onde curiosamente, esta consagrado o direito de manifestação. É neste, contexto, que surge a primeira manifestação, os desenvolvimentos seguintes, acabam por contribuir para pôr em causa a própria Constituição da República e expor a fragilidade do elemento político em Angola.
A reacção dos manifestantes foi espontânea, sem grande capacidade de organização, nem grande capacidade operacional, o que denota a ausência de uma estrutura politizada como suporte. Os partidos políticos da oposição hesitaram e outros demarcaram-se. Explicação possível, incredibilidade perante a origem deste movimento social. Apenas, quando o fenómeno passou a ganhar mais consistência alguns partidos políticos começaram a aderir. Entre os partidos políticos da oposição, o que melhor se posicionou foi o Bloco Democrático, compreendeu melhor o fenómeno. A UNITA distanciou-se, permaneceu refém do seu passado e prisioneira de si mesma.
Agora, curiosamente, assistimos a um movimento interessante, o MPLA atribui o ónus das manifestações à UNITA, com o principal partido da oposição a permanecer num estado vegetativo em termos políticos, sem reacção. Obviamente, para quem esta descontente com a situação actual que se vive em Angola, não compreende a omissão política e o silêncio, principalmente, quem dá a cara por uma causa comum, no mínimo, espera um pouco de solidariedade. A movimentação do MPLA em atribuir o ónus político à UNITA, vai no sentido de obrigar o principal partido da oposição a demarcar-se ainda mais dos manifestantes e a isolar-se socialmente, reduzindo deste modo a sua base de apoio. Quem está descontente, não vai votar MPLA, nem UNITA, vota noutro partido político com mais capacidade de reivindicação e intervenção social.
Nas democracias ocidentais é normal os partidos políticos associarem-se as manifestações pacificas, como, por exemplo, as manifestações de protesto organizadas pelos sindicatos, é comum, ver os dirigentes políticos mais destacados da esquerda presentes e lado a lado com os organizadores e no meio dos manifestantes, apenas, estão a cumprir o seu papel de intervenção social. É um processo normal, inusitada, é a reacção das autoridades angolanas, muito musculada, os julgamentos exagerados, transformam-se manifestantes em mártires políticos, todos os condenados devem pensar em seguir uma carreira política porque a condenação confere estatuto e capital político.
Quando Luanda foi palco da primeira manifestação pacífica, que acabou reprimida pela policia com a detenção dos manifestantes, abriu-se na cena política um elemento de imprevisibilidade, nomeadamente, qual seria o posicionamento das diferentes forças políticas e a reacção futura dos manifestantes. Nós apostamos por uma tendência para a continuidade e o reforço das manifestações, principalmente, devido ao nervosismo inicial denotado pelo MPLA e a confrangedora actuação policial.
O fenómeno é interessante de analisar, a primeira manifestação surge num contexto de convulsão política e social no Norte de África e com uma nova Constituição da República aprovada, onde curiosamente, esta consagrado o direito de manifestação. É neste, contexto, que surge a primeira manifestação, os desenvolvimentos seguintes, acabam por contribuir para pôr em causa a própria Constituição da República e expor a fragilidade do elemento político em Angola.
A reacção dos manifestantes foi espontânea, sem grande capacidade de organização, nem grande capacidade operacional, o que denota a ausência de uma estrutura politizada como suporte. Os partidos políticos da oposição hesitaram e outros demarcaram-se. Explicação possível, incredibilidade perante a origem deste movimento social. Apenas, quando o fenómeno passou a ganhar mais consistência alguns partidos políticos começaram a aderir. Entre os partidos políticos da oposição, o que melhor se posicionou foi o Bloco Democrático, compreendeu melhor o fenómeno. A UNITA distanciou-se, permaneceu refém do seu passado e prisioneira de si mesma.
Agora, curiosamente, assistimos a um movimento interessante, o MPLA atribui o ónus das manifestações à UNITA, com o principal partido da oposição a permanecer num estado vegetativo em termos políticos, sem reacção. Obviamente, para quem esta descontente com a situação actual que se vive em Angola, não compreende a omissão política e o silêncio, principalmente, quem dá a cara por uma causa comum, no mínimo, espera um pouco de solidariedade. A movimentação do MPLA em atribuir o ónus político à UNITA, vai no sentido de obrigar o principal partido da oposição a demarcar-se ainda mais dos manifestantes e a isolar-se socialmente, reduzindo deste modo a sua base de apoio. Quem está descontente, não vai votar MPLA, nem UNITA, vota noutro partido político com mais capacidade de reivindicação e intervenção social.
Nas democracias ocidentais é normal os partidos políticos associarem-se as manifestações pacificas, como, por exemplo, as manifestações de protesto organizadas pelos sindicatos, é comum, ver os dirigentes políticos mais destacados da esquerda presentes e lado a lado com os organizadores e no meio dos manifestantes, apenas, estão a cumprir o seu papel de intervenção social. É um processo normal, inusitada, é a reacção das autoridades angolanas, muito musculada, os julgamentos exagerados, transformam-se manifestantes em mártires políticos, todos os condenados devem pensar em seguir uma carreira política porque a condenação confere estatuto e capital político.