Os Pioneiros Pacifistas Angolanos
Quando se proibiu a primeira manifestação pacífica em Angola estava-se longe de imaginar o seu impacto na sociedade, não se verificou uma revolução, mas perdeu-se o medo e pôs-se em evidência o status quo do regime, os malefícios de uma maioria parlamentar avassaladora e a inutilidade da oposição politica em Angola.
Os efeitos desgastantes das manifestações poderiam ter sido diminuídos, se o Executivo e as Autoridades tivessem relativizado, mas ao reagir com tanto alarmismo disseminou o fenómeno. Numa democracia normal, pesos pesados do MPLA teriam saído bastante queimados com as declarações que proferiram sobre o assunto e a actuação policial não teria qualificação possível. O golpe foi profundo apenas não se avalia a gravidade da ferida porque a sociedade civil angolana ainda é muito pouco exigente, a oposição politica é fraca e com pouca expressão, depois existem os apaniguados que se dedicam a branquear a situação e a lavagem cerebral, o resultado final, a opinião pública é fraca.
Mas quem olhar bem para o que aconteceu, é confrontado com um monumental paradoxo, um grupo de jovens pacifistas matou uma Constituição da República a nascença. Puseram em xeque a legitimidade da Constituição e denunciaram a hipocrisia dos fundamentos ideológicos em que foi redigida. Expuseram a farsa na praça pública e só não viu quem não quis.
Não sei se era este o propósito dos jovens, se foi uma acção planeada e deliberada com este objectivo ou simplesmente foi o curso natural dos acontecimentos que conduziu a esta situação. Mas foi o que aconteceu e está a acontecer.
Os acontecimentos de Luanda apenas tiveram ecos nos meios de comunicação de expressão portuguesa, mas não deixa de ser curioso que apôs a abortada manifestação em Luanda, produziu-se uma mega manifestação em Lisboa com o mesmo cariz. Uma manifestação pacifica, de protesto e intergeracional, que decorreu com toda a normalidade e civismo. Ainda mais curioso é assistir as impressionantes manifestações que estão a decorrer em Espanha, com a ocupação das praças das principais cidades espanholas, uma ocupação que decorre durante semanas e 24 horas por dia. Todas estas manifestações têm algo em comum, o protesto pacifico perante as dificuldades que a crise económica está a impor as populações que vivem já no limite do desespero perante a falta de soluções para por fim a crise e a ausência de futuro.
Não acredito que as manifestações em Luanda foram o gatilho para todas estas manifestações, mas são fenómenos que tem por base as mesmas motivações, a injustiça social e a falta de equidade na distribuição dos sacrifícios. Penso que a função dos políticos é reflectir sobre a justiça das reivindicações dos manifestantes e desenvolver políticas que possam minorar as assimetrias que desencadeiam este tipo de comportamentos colectivos. Convém não esquecer a historia, muitos dos que hoje ocupam cargos de responsabilidade no país, há 40 anos atrás encontravam-se na condição dos manifestantes de hoje, nada impede que a historia se repita e que os manifestantes de hoje sejam os Governantes de amanhã.
Quando se proibiu a primeira manifestação pacífica em Angola estava-se longe de imaginar o seu impacto na sociedade, não se verificou uma revolução, mas perdeu-se o medo e pôs-se em evidência o status quo do regime, os malefícios de uma maioria parlamentar avassaladora e a inutilidade da oposição politica em Angola.
Os efeitos desgastantes das manifestações poderiam ter sido diminuídos, se o Executivo e as Autoridades tivessem relativizado, mas ao reagir com tanto alarmismo disseminou o fenómeno. Numa democracia normal, pesos pesados do MPLA teriam saído bastante queimados com as declarações que proferiram sobre o assunto e a actuação policial não teria qualificação possível. O golpe foi profundo apenas não se avalia a gravidade da ferida porque a sociedade civil angolana ainda é muito pouco exigente, a oposição politica é fraca e com pouca expressão, depois existem os apaniguados que se dedicam a branquear a situação e a lavagem cerebral, o resultado final, a opinião pública é fraca.
Mas quem olhar bem para o que aconteceu, é confrontado com um monumental paradoxo, um grupo de jovens pacifistas matou uma Constituição da República a nascença. Puseram em xeque a legitimidade da Constituição e denunciaram a hipocrisia dos fundamentos ideológicos em que foi redigida. Expuseram a farsa na praça pública e só não viu quem não quis.
Não sei se era este o propósito dos jovens, se foi uma acção planeada e deliberada com este objectivo ou simplesmente foi o curso natural dos acontecimentos que conduziu a esta situação. Mas foi o que aconteceu e está a acontecer.
Os acontecimentos de Luanda apenas tiveram ecos nos meios de comunicação de expressão portuguesa, mas não deixa de ser curioso que apôs a abortada manifestação em Luanda, produziu-se uma mega manifestação em Lisboa com o mesmo cariz. Uma manifestação pacifica, de protesto e intergeracional, que decorreu com toda a normalidade e civismo. Ainda mais curioso é assistir as impressionantes manifestações que estão a decorrer em Espanha, com a ocupação das praças das principais cidades espanholas, uma ocupação que decorre durante semanas e 24 horas por dia. Todas estas manifestações têm algo em comum, o protesto pacifico perante as dificuldades que a crise económica está a impor as populações que vivem já no limite do desespero perante a falta de soluções para por fim a crise e a ausência de futuro.
Não acredito que as manifestações em Luanda foram o gatilho para todas estas manifestações, mas são fenómenos que tem por base as mesmas motivações, a injustiça social e a falta de equidade na distribuição dos sacrifícios. Penso que a função dos políticos é reflectir sobre a justiça das reivindicações dos manifestantes e desenvolver políticas que possam minorar as assimetrias que desencadeiam este tipo de comportamentos colectivos. Convém não esquecer a historia, muitos dos que hoje ocupam cargos de responsabilidade no país, há 40 anos atrás encontravam-se na condição dos manifestantes de hoje, nada impede que a historia se repita e que os manifestantes de hoje sejam os Governantes de amanhã.