A Sonangol nacionaliza Millennium BCP
Nunca considerei particularmente interessante o investimento da Sonangol no Millennium BCP, primeiro, pelo momento, a entrada da Sonangol coincide com uma luta pela sucessão no poder e com os accionistas a gladiarem-se; em segundo, pelas circunstâncias actuais com que se defronta a Europa, em particular, a Grécia e Portugal.
A luta pelo poder fragilizou imenso a reputação do Banco, com fugas selectivas de informação que puseram em causa a Boa Governação da Instituição e a sua Própria Imagem. O Banco começou a destruir valor, as acções iniciaram uma trajectória cada vez mais descendente em Bolsa até atingirem mínimos históricos (€ 0,38). Parecia que pairava sobre o Banco uma ameaça, para a Sonangol, a ameaça foi encarada como uma oportunidade, tendo em conta as circunstâncias, era uma oportunidade única para controlar o maior Banco Privado Português. Foi no silêncio e com muita paciência, a Sonangol foi alterando o equilíbrio de poder dentro do Banco, passando a controlar os principais Órgãos do Banco. Aliás, se a Sonangol pretendia estar no Millennium BCP, não fazia sentido estar no Banco como um mero espectador, principalmente, sendo o único com Liquidez, só fazia sentido estar no Banco para ser um actor principal.
O investimento no Millennium BCP foi colossal, e representa um custo de oportunidade, nomeadamente, se pensarmos nos investimentos que não foram realizados em Angola para socorrer o Banco. A decisão veio a revelar-se bastante onerosa e arriscada, o Banco não deixou de ser um bom activo de um momento para o outro, simplesmente, a conjuntura económica alterou-se muito e complicou bastante a situação do Banco.
O Banco tem uma exposição a Grécia de € 7 mil milhões, tudo indica que uma reestruturação da dívida grega acabará por ser inevitável, é apenas, uma questão de quando. Um haircut na dívida soberana grega implicará uma perda maciça para os investidores privados, o normal, será o Banco realizar provisões devido as futuras imparidades que se irão verificar. Os analistas estimam provisões na magnitude dos € 4 mil milhões de euros.
Portanto, futuros aumentos de capital serão forçosos no Millennium BCP, o problema, reside no facto dos accionistas de referência do Banco não estarem em condições para acorrer a um maciço aumento de capital (maciço porque o Banco terá que cumprir Basileia III). O Banco é confrontado com um enorme problema de liquidez, tal como, evidencia a sua exposição de sensivelmente € 15 mil milhões ao BCE, que já deu sinais de fechar a torneira. Ainda temos que descontar os € 5 mil milhões do ELA – Emergency Liquidity Assistence do Banco de Portugal e os possíveis efeitos das agências de rating.
A somar a isto, a realidade portuguesa, com um programa da Troika, que acentuará o ciclo recessivo no país, mas com € 12 mil milhões destinados à Banca, portanto, se os piores cenários se verificarem, os únicos potenciais accionistas para um reforço de capital no Millennium BCP será o Estado português (vía Troika) e a Sonangol (o único com liquidez própria). Poderemos estar na eminência de uma nacionalização com duas faixas de rodagem, uma para o Estado português e outra para o Estado angolano (Sonangol). A questão, será saber, se vão seguir no mesmo sentido?
Nunca considerei particularmente interessante o investimento da Sonangol no Millennium BCP, primeiro, pelo momento, a entrada da Sonangol coincide com uma luta pela sucessão no poder e com os accionistas a gladiarem-se; em segundo, pelas circunstâncias actuais com que se defronta a Europa, em particular, a Grécia e Portugal.
A luta pelo poder fragilizou imenso a reputação do Banco, com fugas selectivas de informação que puseram em causa a Boa Governação da Instituição e a sua Própria Imagem. O Banco começou a destruir valor, as acções iniciaram uma trajectória cada vez mais descendente em Bolsa até atingirem mínimos históricos (€ 0,38). Parecia que pairava sobre o Banco uma ameaça, para a Sonangol, a ameaça foi encarada como uma oportunidade, tendo em conta as circunstâncias, era uma oportunidade única para controlar o maior Banco Privado Português. Foi no silêncio e com muita paciência, a Sonangol foi alterando o equilíbrio de poder dentro do Banco, passando a controlar os principais Órgãos do Banco. Aliás, se a Sonangol pretendia estar no Millennium BCP, não fazia sentido estar no Banco como um mero espectador, principalmente, sendo o único com Liquidez, só fazia sentido estar no Banco para ser um actor principal.
O investimento no Millennium BCP foi colossal, e representa um custo de oportunidade, nomeadamente, se pensarmos nos investimentos que não foram realizados em Angola para socorrer o Banco. A decisão veio a revelar-se bastante onerosa e arriscada, o Banco não deixou de ser um bom activo de um momento para o outro, simplesmente, a conjuntura económica alterou-se muito e complicou bastante a situação do Banco.
O Banco tem uma exposição a Grécia de € 7 mil milhões, tudo indica que uma reestruturação da dívida grega acabará por ser inevitável, é apenas, uma questão de quando. Um haircut na dívida soberana grega implicará uma perda maciça para os investidores privados, o normal, será o Banco realizar provisões devido as futuras imparidades que se irão verificar. Os analistas estimam provisões na magnitude dos € 4 mil milhões de euros.
Portanto, futuros aumentos de capital serão forçosos no Millennium BCP, o problema, reside no facto dos accionistas de referência do Banco não estarem em condições para acorrer a um maciço aumento de capital (maciço porque o Banco terá que cumprir Basileia III). O Banco é confrontado com um enorme problema de liquidez, tal como, evidencia a sua exposição de sensivelmente € 15 mil milhões ao BCE, que já deu sinais de fechar a torneira. Ainda temos que descontar os € 5 mil milhões do ELA – Emergency Liquidity Assistence do Banco de Portugal e os possíveis efeitos das agências de rating.
A somar a isto, a realidade portuguesa, com um programa da Troika, que acentuará o ciclo recessivo no país, mas com € 12 mil milhões destinados à Banca, portanto, se os piores cenários se verificarem, os únicos potenciais accionistas para um reforço de capital no Millennium BCP será o Estado português (vía Troika) e a Sonangol (o único com liquidez própria). Poderemos estar na eminência de uma nacionalização com duas faixas de rodagem, uma para o Estado português e outra para o Estado angolano (Sonangol). A questão, será saber, se vão seguir no mesmo sentido?