terça-feira, 13 de setembro de 2011

Os Index's, Manifestações e Angola

Nos vários Index's que são realizados por vários Organismos Internacionais, de uma forma geral, Angola aparece sempre mal classificada. O mais recente, publicado pela Fund for Peace, Angola aparece menos mal classificada, ocupando a posição 52 num universo de 177 países analisados.
A percepção que temos de nós mesmos, quase nunca corresponde a percepção que os outros têm de nós, em muitas circunstâncias, a percepção dos outros pode ser determinante, nomeadamente, quando se trata de investir. Seria interessante encontrar uma explicação porque razão os Organismos Internacionais têm sempre esta percepção negativa sobre o país.
Penso que uma das razões para esta percepção negativa deve-se ao facto das Instituições em Angola, em muitos casos, ainda não funcionarem com normalidade e independência. Esta carência nas Instituições é responsável pela fragilidade nas garantias e na defesa dos direitos dos cidadãos em Angola.
Quando as Instituições do Estado sofrem de debilidade existe uma maior tendência para comportamentos sociais desviantes, como por exemplo, a corrupção. Como alguém já alguma vez referiu, o Estado tem uma propensão para dificultar a vida do cidadão para poder vender facilidades. Em parte, esta em causa a organização do próprio Estado.
Mas esta imaturidade das Instituições é uma consequência natural, é o preço de uma Guerra Civil que devastou o país e que o desorganizou. Quando um país esta em Guerra Civil, não existe Estado Democrático, existe apenas Estado de Sobrevivência.
O país alcançou a paz, a transição foi rápida e estável, o Governo que assumiu funções fez uma aposta clara pela recuperação do país através da Infra-Estruturação. Neste período, de praticamente, 10 anos de paz, o país conheceu crescimentos impressionantes do seu PIB, com a excepção de um ano, em que houve uma queda abrupta no preço do crude, devido a crise internacional. A questão, é que a velocidade com que o Governo tentou transformar o país não coincidiu com a urgência das necessidades dos mais carenciados, nem com a emergência das expectativas dos que esperavam uma vida melhor. De certa, forma as classes sociais mais desfavorecidas foram negligenciadas, perante, o espectro do crescimento do país através da criação de novas Infra-Estruturas e a percepção da ineficiente distribuição da renda, acabou por se gerar um caldo social com uma enorme assimetria e que apenas pode dar mau resultado no futuro.
Houve uma falta de pudor na ostentação da riqueza por parte dos sectores mais privilegiados da sociedade, quando seria aconselhável mais descrição e prudência. Teria sido importante um esforço para uma melhor organização da Administração Pública com o objectivo de aplicar uma séria política de integração social, um pouco a semelhança do que aconteceu no Brasil, mas de acordo com a escala de Angola.
A sociedade na sua desigualdade transformou-se, com uma juventude mais consciente e mais exigente, que não está disposta a assistir com passividade a actos de má governação, de má gestão e muito menos pactuar com casos de corrupção. Penso que esta juventude que se manifesta não tem a força suficiente para depor ninguém, mas são um transtorno e um incomodo muito grande. Obviamente, o mais visado será sempre o líder, é o rostro do poder, como acontece em todos os lugares do mundo, onde existe insatisfação popular.
É notório que a maioria absoluta esmagadora conquistada pelo MPLA nas últimas eleições, teve um efeito lesivo no próprio partido porque conduziu ao laxismo.
O Futuro de Angola, não é incerto, apenas tem que seguir com cuidado a sua política económica, que têm dado frutos, muito dos seus efeitos não serão imediatos, é importante manter o mesmo rumo que tem sido seguido até agora, apenas, com uma particularidade, seria importante uma maior componente social na política do Governo, isso implica, necessariamente, uma melhor organização das Administrações Públicas, é necessário distribuir renda pelos mais carenciados, uma política de integração social é necessária. É preciso distribuir a riqueza e permitir um aumento dos padrões de consumo pelos mais carenciados. O processo de transformação será lento, mas isso é normal, o contexto internacional, também não é favorável, o importante é manter uma trajectória sólida e que conduza a consolidação económica e social do país.