domingo, 17 de outubro de 2010

Pagar ou Não Pagar? Eis a Questão

Mais uma vez estalou a histeria em Portugal porque supostamente Angola não paga e nem permite o repatriamento dos lucros das empresas de construção civil. É verdade que há sensivelmente 2 anos os exportadores portugueses começaram a constatar e a manifestar dificuldades e atrasos na regularização das dívidas angolanas. Um sentimento depressivo que se intensificou com a queda abrupta do preço do crude e a forte quebra de divisas no BNA, que acabou por levar o Governo a pedir a intervenção do FMI para regularizar a sua Balança de Pagamentos.
Os atrasos nos pagamentos às empresas portuguesas fizeram-se sentir, ao ponto, que muitas ameaçaram parar as obras, enquanto outras reduziram à sua actividade e diminuíram o número de trabalhadores. O Governo ao atrasar os pagamentos limitou-se a fazer gestão de tesouraria, financiar-se ao máximo à custa dos seus fornecedores, o problema, é que muitas empresas de construção civil portuguesas também têm problemas de tesouraria e a este problema acresce o facto de Angola ser cada vez mais um mercado importante no seu portfolio de negócios, pois o mercado português está estagnado.
O risco de uma política de tesouraria muito agressiva, de efectuar pagamentos muito para além do limite tolerável, consiste em os fornecedores cortarem o fornecimento e deixarem de conceder crédito, com as naturais consequências na actividade económica e na imagem do próprio país.
A questão pode resultar bastante inconveniente, principalmente, quando um país pretende emitir dívida internacional e sujeitar-se ao escrutínio das agências de rating, porque se coloca a questão, se o Estado não honra os seus próprios compromissos como vai honrar a sua dívida soberana?
No entanto, parece que o Governo tem vindo a regularizar as dívidas ás construtoras portuguesas, mas reforçou as exigências no cumprimento da lei cambial, naturalmente, as empresas com maior implantação e conhecimento do mercado angolano, não sentiram as dificuldades que muitas construtoras de menor dimensão e menos conhecimento estão à sentir em Angola, porque apesar do país não ter uma administração pública eficiente e estar muitas vezes conotado com a corrupção, o país também tem regras, e em Angola ter acesso à informação é um activo muito precioso.