terça-feira, 16 de novembro de 2010

Extravagâncias do Poder

Por muito que custe ouvir, o MPLA é o único partido com vocação de poder em Angola, mas isso não significa que um dia não possa surgir alternância política. Seria saudável para o próprio país se existisse mais debate político e uma oposição mais presente e mais expressiva porque Angola carece de ideias e de uma visão de futuro.
Uma oposição mais forte seria positivo para o próprio MPLA que seria obrigado a pautar a sua actividade política com base na competência e no mérito, e não ser uma espécie de veículo para a satisfação de interesses pessoais e privados.
É precisamente a falta de perspectivas na oposição e a percepção do MPLA como único veículo de poder que contribui para a degradação moral da sociedade e a decadência do Estado. Porque existe uma tendência para converter o veículo de poder num albergue de oportunistas onde reina a promiscuidade entre negócios públicos e privados.
Não vale a pena negar esta realidade, porque Angola é sempre posta em evidência quando são divulgados os rankings que várias organizações internacionais produzem para aferir os índices de corrupção, os índices de desenvolvimento humano e o ambiente de negócios. O país impreterivelmente sai sempre mal classificado, sempre no fundo da tabela.
O MPLA é o único partido que pode presumir de ter uma experiência de Governação acumulada, o que lhe permite ter quadros altamente qualificados e por isso deveria ser capaz de capitalizar essa experiência em prol e beneficio do país, mas isso não acontece porque o partido esta mais focado em gerir susceptibilidades pessoais.
Não existe uma estabilidade governativa no país, sistematicamente, ministros são exonerados e outros são nomeados, não existe uma continuidade nas políticas porque cada ministro tem o seu cunho pessoal, além disso, necessita tempo para conhecer as matérias, entretanto, tudo fica parado como se Angola se pudesse dar ao luxo de parar.
O excesso de poder permite estas extravagâncias de nomear incompetentes para os cargos de maior exigência e responsabilidade do país, é fundamental, que o MPLA faça um exame de consciência porque não é aceitável que um dos maiores produtores de crude do continente africano tenha uma esperança de vida de 48,1 anos, uma escolaridade de 4,4 anos, um rendimento nacional per capita €4.900, um índice de desenvolvimento humano de 0,403 e ocupe a posição 146 do relatório de 2010 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).