domingo, 16 de janeiro de 2011

Patologia Económica

Recentemente, o INEA revelou os seguintes dados económicos referentes ao 3T, as exportações conheceram um decréscimo de 1,63% enquanto as importações sofrem um acréscimo de 34,38%. No que diz respeito as exportações, o produto mais vendido foi o Petróleo Bruto que representa 97,32% das exportações, num valor estimado de 13,8 Biliões de dólares. No que diz respeito as importações constata-se que os produtos mais importados, foram precisamente, os combustíveis num valor estimado de 1,6 Biliões de dólares.
Verificamos uma excessiva dependência da economia angolana em relação à exportação de Petróleo, uma dependência perigosa porque torna o desempenho da economia muito volátil, já que existe uma excessiva exposição a flutuação dos preços do crude nos mercados internacionais e por outro lado existem limites quantitativos da OPEP que impedem a expansão da produção. Um efeito que pode ser bastante penalizador quando existe uma baixa significativa dos preços.
Em relação as nossas importações, elas indicam uma ausência de tecido produtivo interno e uma grande dependência em relação ao exterior, portanto, a diversificação económica ainda não se fez sentir na economia e não passa de um chavão em discursos de circunstância política.
Esta excessiva dependência em relação ao exterior deveria fazer-nos reflectir, somos um país exportador de recursos naturais, exportamos produtos em bruto para outras economias transformarem, incorporando e introduzindo valor nos seus produtos para depois exportarem esses mesmos produtos já transformados de volta para Angola. O caso mais sintomático é o Petróleo Bruto que exportamos e o Petróleo Refinado que importamos. O que significa isso?
Significa que a nossa economia não é detentora de uma cadeia de valor, não somos capazes de produzir produtos com valor acrescentado, significa que temos um deficit de capital humano, de know-how, de tecnologia e de marcas próprias. Se tivermos em conta que os recursos são escassos e finitos, no dia em que se esgotarem, não teremos nada para exportar porque nada sabemos produzir. O país estará irremediavelmente condenado ao fracasso e ao empobrecimento, se este padrão económico não for invertido.