segunda-feira, 21 de março de 2011

A Figura José Eduardo dos Santos

A historia de Angola e do MPLA estão intimamente ligadas, bem como, a história de José Eduardo dos Santos. O MPLA foi o grito de libertação de Angola, a acção e o pensamento. O MPLA é um partido complexo, como todos os grandes partidos. No seu interior existem diversas linhagens, tendências e susceptibilidades.
O MPLA seria um partido de equilíbrios instáveis senão existisse José Eduardo dos Santos, ele é um factor de unicidade interna, o MPLA reforça-se na pessoa de José Eduardo dos Santos e ele no MPLA. É uma força que se auto-alimenta pela sabedoria com que José Eduardo dos Santos gere as diferentes sensibilidades que coexistem dentro do MPLA. Ele é o elemento que não permite a desintegração do MPLA, consolida todas as fracturas que possam existir no seio do partido. É uma figura omnipresente, no MPLA e na vida Angolana. Por isso, a questão da sucessão política no MPLA, e por inerência, em Angola, é problemática porque a ausência política de José Eduardo dos Santos gera um vazio e uma incerteza tremenda, tanto no partido como no país. Chegamos a uma daquelas relações extremas da vida, onde um não existe sem o outro.
Mas a vida de José Eduardo dos Santos já não lhe pertence, porque passou da categoria dos meros humanos à categoria de figura histórica, a sua vida e todo o seu trajecto de vida, é indissociável da vida de Angola e de todos os Angolanos. Talvez, José Eduardo dos Santos não tenha essa consciência, ele já não é um mero mortal, é um actor da história, para o bem e para o mal.
A questão, é saber que espaço da história José Eduardo dos Santos quer ocupar, não somente em Angola, mas também no continente africano. Será que José Eduardo dos Santos quer ser um desprestigiado Mugabe que insiste em eternizar-se até a morte no poder? Será que José Eduardo dos Santos quer ser um desprestigiado Mubarak que foi deposto pelo seu próprio povo? Será que José Eduardo dos Santos quer ser um desprestigiado Kadhafi que vai ser chacinado pelos aliados? Ou será que José Eduardo dos Santos quer ser um prestigiado Mandela, um Estadista que construiu os pilares da democracia em Angola, que soube conduzir o seu país a bom porto, na senda do desenvolvimento sustentando e do progresso?
A escolha depende exclusivamente, de José Eduardo dos Santos, ele tem que decidir que espaço quer ocupar na história mas não pode esquecer em nenhuma circunstância a História é sempre um Juiz Implacável.