domingo, 11 de julho de 2010

O Papel do IDE na Diversificação

Há certos temas que são recorrentes pela importância que representam para Angola e por essa razão não me canso de repeti-los. Mesmo, no léxico de muitos políticos angolanos a palavra Diversificação ganhou um estatuto especial, com frequência ouvimos responsáveis e decisores políticos afirmarem que é necessário diversificar a economia angolana.
Creio que é uma evidência para a maioria das pessoas, se pensarmos que o crude é responsável por praticamente 95% das exportações e contribui com 50% na formação do PIB. Notamos que a economia angolana está exposta a uma grande volatilidade que resulta das variações no preço do crude, que tem impactos imediatos na actividade interna do país, além disso, um modelo económico unicamente assente no papel de exportador de crude não é um modelo sustentável a longo-prazo porque os recursos são finitos e além disso existe uma tendência cada vez maior para os países reduzirem a sua dependência em relação a essa matéria-prima.
Por isso, urge que o país caminhe para a diversificação das suas actividades económicas, um processo que em Angola tem sido lento, porque faltam competências fulcrais ao país para promover esse processo, nomeadamente, recursos humanos qualificados, um sistema de educação de qualidade, um tecido empresarial competitivo e uma sociedade civil que estimule o empreendedorismo e a inovação.
Um conjunto de factores que Angola carece porque não existe um aparelho produtivo no país com essas competências, não existe um sistema de educação que promova a qualidade e incentive a inovação em articulação com as empresas, como carece destes factores, resulta impossível para as empresas locais desenvolverem novos produtos/serviços e explorar novos mercados. Sem recursos humanos qualificados, menor é o estímulo para desenvolver projectos empresariais próprios, portanto, sem empreendedorismo é mais difícil desenvolver as novas oportunidades de negócio que existem no mercado.
Os efeitos, notam-se na economia via Balança Conta Corrente, porque o país importa praticamente tudo o que consome, o que provoca uma atrofia no aparelho produtivo nacional mas também é responsável pela pressão inflacionária que o país pode sentir, além, do efeito hemorrágico ao nível das divisas. Um conjunto de factores que condicionam as opções de política económica, financeira e monetária do país.
A diversificação económica é urgente, não estando o país capacitado para realiza-la pelos seus próprios meios, a melhor solução, é promover e atrair o IDE.
Normalmente, o IDE é proveniente de países mais desenvolvidos, que procuram investir em países onde existam oportunidades de negócio que lhes permitam desenvolver vantagens competitivas, com o objectivo de alcançarem elevadas taxas de crescimento ou importantes volumes de negócio. Por regra, são oportunidades que se encontram inexploradas nos mercados receptores, é este processo de exploração da nova oportunidade de negócio que inicia a diversificação económica no país receptor.
A diversificação económica é intensificada com o IDE porque além de investirem nos sectores onde existem mais oportunidades de negócio inexploradas e também com maiores vantagens competitivas, desencadeiam em muitos casos, um processo de transferência de tecnologia na economia local, isto acontece, quando a filial da empresa estrangeira introduz novos produtos/serviços ou novos processos, os seus trabalhadores adquirem novas competências e novos conhecimentos, o que contribui para elevar o capital humano do país. Ao mesmo tempo, as empresas que são clientes ou fornecedoras da empresa estrangeira, de uma forma, indirecta incorporam nos seus processos os efeitos da difusão da nova tecnologia que acaba de entrar no mercado.
A presença do IDE permite elevar a produtividade na economia receptora, porque a empresa estrangeira conta com mais experiência, melhor tecnologia e capital mais sofisticado, portanto, têm níveis de produtividade superiores as empresas locais, o que obriga as demais empresas a elevar os seus standards de produtividade.
Portanto, o IDE pela sua natureza obriga a economia receptora adquirir e desenvolver novas competências, nomeadamente, um melhor sistema de educação que contribua para uma maior qualificação dos recursos humanos e um tecido empresarial mais competitivo, factores chave, para que a diversificação económica possa ocorrer.