quinta-feira, 29 de julho de 2010

Problemas da Gestão da Divida Angolana

Tem sido recorrente na imprensa lusa o tema da dívida angolana as empresas portuguesas, ao ponto, da visita do Presidente da República portuguesa à Angola ter ficado associada a uma tentativa de regularização das mesmas. Obviamente, quem vende pretende receber e quem compra pretende pagar o mais tarde possível, é uma pura questão, de cash management.
Por um lado temos Angola, um país em rápido e forte crescimento económico, que tem necessidade de financiar esse crescimento, mas é confrontado com a falta de poupança interna para emitir divida domestica e ao mesmo tempo é confrontado com mercados de capitais em crise que não permitem com razoabilidade colocar ou emitir divida soberana. Ainda temos de considerar a forte quebra nas receitas, causada pela queda do preço do crude, com impacto directo nas contas públicas do país e que condicionou o financiamento e a execução de diversos programas e projectos.
Esta situação é equiparável ao que acontece em muitas empresas com crescimento rápido mas mal planeado, acaba sempre por existir uma ruptura ao nível da tesouraria porque as necessidades de fundo maneio foram mal avaliadas. Normalmente, este tipo de situação pode levar a falência da empresa mesmo sendo economicamente viável.
Na questão angolana, apenas implica um atraso no pagamento da sua dívida, deixando o fardo para o credor, que desta forma acaba por financiar mais do que desejaria o seu devedor, neste caso, o Estado angolano.
Por outro lado, entende-se a urgência na regularização das dívidas, por parte das empresas, pois elas necessitam de cash para cumprir com os seus próprios pagamentos, num cenário caracterizado precisamente pela falta de liquidez, onde o crédito é inacessível ou tem preços proibitivos. O risco de falência é real e cortante para as empresas, principalmente, para aquelas que estiverem bastante endividadas, tiverem montantes elevados a haver e necessitem de receber com urgência os seus montantes em dívida.
A falta de pagamento associada ao clima de crise que se verifica a nível mundial, com mais incidência nos países desenvolvidos, acaba sempre por influenciar a capacidade investimento dessas empresas em novos projectos, nomeadamente, em Angola. A consequência imediata será adiar os novos projectos até que o clima económico se altere ou as dívidas sejam regularizadas. Os efeitos são sempre nefastos porque implicam sempre menos investimento e logo mais desemprego.