segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sonangol: Um Cartel Bancário?

É uma realidade que a Sonangol está presente na estrutura accionista de vários bancos em Angola, mas não só, tem inclusivamente uma expressiva presença em Portugal através do Millennium BCP. Seria interessante, questionar, o que move este gigante angolano pelo sector bancário?
É um facto que a banca, é um sector estruturante em qualquer economia, ou pelos menos, devia ter essa função. O sector bancário através da concessão de crédito e o financiamento permite aos agentes económicos realizar os seus projectos de investimentos. É óbvio, que o objectivo da banca é fazer dinheiro através da intermediação financeira mas também será de toda a utilidade encarar a banca como um parceiro.
Mas estando a Sonangol presente em tantos bancos, não poderá ser conflitual, porque sendo os bancos todos concorrentes entre si, lutando pelo mesmo mercado e tendo todos um accionista comum, que conhece em detalhe os planos estratégicos de cada banco não poderá existir uma tendência para uma gestão mais ineficiente por possíveis conflitos de interesses. Será que não existem bancos que podem ser prejudicados ou beneficiados porque existe um accionista com informação privilegiada sobre cada um deles?
Talvez, sendo a banca um pilar da economia e sendo Angola um regime Presidencialista, exista uma estrita necessidade de controlar a economia, uma das formas, de fazê-lo seria através da banca. Mas esse estrito controlo bancário não permitiu evitar a drástica redução das Reserva Internacionais Liquidas, parece que algo falha neste puzzle.
Sendo a Sonangol um promotor de vários projectos bancários, as explicações mais lógicas, passam por evitar uma excessiva concentração bancária no país, cuja consequência, é uma redução dos serviços bancários e um aumento dos custos para os clientes, com um maior número e mais elevadas comissões e também por praticar spread’s mais elevados.
Também, foi interessante ler a entrevista de Jardim Gonçalves, fundador do BCP, associando a entrada da Sonangol no BCP a uma questão de Estados, na verdade, nada do que acontece em Angola de relevante em termos económicos não passa pelas mãos do Presidente, a entrada no BCP sempre foi encarada como estratégica apesar da desvalorização verificada do BCP em Bolsa, a natureza estratégica, do BCP pode residir no facto de poder ser uma estrutura importante na captação de fundos angolanos, mas para garantir a total salvaguarda do interesse angolano seria de toda conveniência um maior controlo accionista da Instituição e uma maior influência na sua gestão.
No entanto, considero que seria mais importante para a economia angolana, se a Sonangol tivesse mais focada no desenvolvimento dos sectores mais estratégicos do país, do que, dedicar-se a ser um cartel bancário porque em Angola existem vários sectores com imenso potencial e que estão em subdesenvolvimento ou praticamente inexplorados.