sábado, 18 de setembro de 2010

O Rastilho Moçambicano

Para muitos ocidentais, Moçambique era apontado como um bom modelo de Governação no continente africano, portanto, a explosão social que ocorreu no país após o anúncio de um aumento de preços foi uma surpresa para muitos deles.
É um lugar comum dizer que nos países africanos existe uma injusta distribuição da riqueza, onde ela é detida por uma imensa minoria em detrimento da generalidade da população que vive com grandes carências e dificuldades extremas. Por isso, não deveria ser surpresa a ocultação que os meios de comunicação social angolanos fizeram sobre a situação moçambicana. Parece-me difícil uma convivência democrática sem estar assegurada a liberdade de expressão, não quero com isto dizer, que tenha havido uma interferência directa e explicita do Governo para restringir o direito à informação, mas basta analisar quem são os detentores dos meios de comunicação social em Angola para perceber o porquê da omissão sobre o que estava a acontecer em Moçambique.
Mais preocupante ainda, é a tentativa de pessoas próximas ao poder de tentar controlar e condicionar os meios de comunicação social pela via accionista, assistimos em Angola a um capitalismo com tiques fascistas, onde a censura existe de uma forma declarada mas encapotada porque o censor não é o Governo de uma forma directa mas o accionista privado que faz parte do seu circulo intimo e para fazer parte tem que agradar pois é a única forma de salvaguardar os seus próprios interesses.
Entendo a necessidade de restringir a informação, pois são conhecedores das precárias condições de vida do povo angolano, enquanto eles vivem na opulência, por essa razão é conveniente evitar o alarme e o conflito social. Angola não está imune a esse risco, considero que a ocorrência de uma situação semelhante à moçambicana no país difícil mas a verificar-se acredito que as proporções serão muito maiores.