segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A Inflação e a Pobreza

A inflação tem um efeito perverso, principalmente, em países pobres porque acentua a injustiça na distribuição da riqueza. Entende-se por inflação, o aumento generalizado dos preços numa economia durante um determinado período de tempo. Quando a inflação é maior do que os ganhos salariais existe perda de poder compra.
Numa economia, como Angola, onde a maioria da população tem níveis de rendimento muito baixos, isso significa que a maioria do rendimento disponível das famílias é dedicado ao consumo, portanto, as famílias não são capazes de gerar poupança.
Se existe um aumento generalizado dos preços, sem o correspondente incremento a nível dos salários ou das fontes de rendimento, isto, significa que o orçamento familiar vê-se reduzido, portanto, com o mesmo orçamento compram-se menos coisas, se a totalidade do orçamento é dedicado ao consumo, nomeadamente, bens essenciais, isso, significa que as famílias ao perder poder de compra vão passar fome agravando o nível de pobreza.
Quando a generalidade da população entende que a sua subsistência é posta em causa, a reacção normal, é manifestar o seu protesto, uma manifestação pela sobrevivência pode facilmente converter-se num motim social.
A inflação em Angola assume um nível desproporcionado, não foi há muito tempo que Luanda foi considerada a cidade mais cara do mundo. Não me parece razoável uma inflação de dois dígitos no país, muito menos uma inflação que cresce mais do que a própria economia.
O processo inflacionário em Angola surge de um desajustamento da oferta interna, que implica a incorporação da inflação através das importações, uma pressão que ainda é incrementada pela elevada pauta aduaneira, que acabam por subverter os preços dos bens. Por outro lado, também podemos encontrar pressão inflacionista nas crescentes entradas de capitais no país, via créditos internacionais, que implicam um aumento da circulação monetária, cuja consequência é a desvalorização da moeda nacional, portanto, geração de inflação através da pressão monetária.
Penso que o passo primordial para reduzir expectativas inflacionistas, passa pela dita diversificação económica, que deve ter como função promover um efeito de substituição, das importações por produto nacional (existirão nichos de mercado que permitirão promover a exportação nacional). Em relação, a pressão monetária, o Governo deve promover uma politica que permita uma adequada absorção dos fluxos financeiros internacionais, ajustando de forma correcta as suas necessidades de financiamento aos fluxos financeiros solicitados.