sábado, 20 de março de 2010

As Ineficiências Angolanas

É um pouco senso comum afirmar que a economia angolana é muito afectada pela corrupção, diria mesmo, é uma evidência que resulta de Instituições pouco transparentes e muito fragilizadas, sem independência. Em Angola podemos observar elevados índices de burocracia e poucas garantias no cumprimento de contratos privados, ou seja, uma justiça ineficiente. Mas quais são as consequências que resultam destas ineficiências?
A primeira consequência é o incremento da percepção do risco, ou seja, o aumento do risco país, que por sua vez tem consequências nefastas para a economia local. O aumento do risco implica um aumento da remuneração exigida pelos investidores, ou seja, aumenta os custos de financiamento da economia. Sabemos que os fluxos de capital estrangeiro são atraídos por perspectivas de elevados crescimentos económicos ou então por mercados de baixo risco, quando o risco é muito elevado a captação de financiamento é mais difícil e além disso a divida soberana é mais cara, quando a capacidade de endividamento fica comprometida as perspectivas de crescimento económico são drasticamente reduzidas. Temos a evidência recente do que aconteceu em Angola, um 2009 com uma performance paupérrima e com uma necessidade explícita de obter a intervenção financeira do FMI para equilibrar a balança de pagamentos.
Mas existem ainda outras consequências negativas a nível económico, nomeadamente, a nível da avaliação dos activos, se os agentes nacionais não têm acesso a financiamento, as perspectivas de crescimento dos seus negócios são mais reduzidas, ou ficam comprometidas. Como sabemos, o valor de um activo é valor dos seus cash-flows futuros actualizados para o momento presente, portanto, se as perspectivas de crescimento são menores e além disso as taxas de desconto maiores, os seus activos no presente necessariamente valem menos, ou seja, estão subavaliados.
Estarão subavaliados para um investidor estrangeiro que não têm restrições ao nível da sua capacidade de endividamento ou ao nível da sua liquidez, portanto, perante o mesmo activo é capaz de perspectivar uma maior taxa de crescimento e uma menor taxa de desconto, logo, retirar um maior valor económico do activo em questão. Portanto, considerar aliciante a aquisição do dito activo. Este tipo ineficiências explicam em parte porque razão em certos países o investimento directo estrangeiro assume a maior parte da proporção do total dos fluxos de capital.