segunda-feira, 22 de março de 2010

O Remake da Sonangol no BCP

O BCP prepara-se para na próxima assembleia-geral votar uma alteração dos estatutos que visa permitir alargar os direitos de voto de 10% para 20%. Esta alteração a concretizar-se é de suma importância para a Sonangol, porque vai permitir o reforço da empresa na estrutura accionista do BCP:
Tendo em conta a situação actual do BCP parece-nos que promover a concentração accionista no banco, é do interesse da Sonangol, pois será a única forma de reabilitar a imagem do banco e implementar uma nova estratégia e um novo modelo de gestão que permita a criação de valor.
O BCP tem sido um exemplo nos últimos anos de auto-destruição, sensivelmente, há 4 anos a cotação do banco quase alcançava os 4 Eur, hoje, a sua cotação não atinge nem sequer o valor de 1 Eur, para termos, uma melhor percepção do tombo, podemos comparar a cotação do BCP com os dois principais bancos espanhóis, Santander e o BBVA, ambos cotam na casa dos 10 Eur.
No BCP ainda temos que considerar uma administração extremamente politizada e fecunda em escândalos, onde um Vice-presidente do banco esta envolvido no escândalo Face Oculta, situações que em nada abonam para o prestigio e credibilidade do banco, talvez, por isso o banco não levanta cabeça em bolsa. Voltando a Espanha, podemos analisar o que aconteceu ao Banesto quando o seu Presidente Mário Conde foi protagonista de vários escândalos, quase faliu o Banesto, que acabou por ser comprado pelo Santander.
Seria fundamental promover uma mudança profunda no BCP, algo que apenas pode ser feito pela Sonangol porque não peca dos mesmos vícios que os demais accionistas, cujos, pecados capitais são além de serem accionistas endividados são clientes do próprio banco, portanto, não têm interesse em promover mudanças na gestão do banco, principalmente, uma gestão mais agressiva e menos condescendente com os seus níveis de morosidade.
O estado actual do BCP converte a participação da Sonangol no banco num péssimo negócio, porque o dinheiro investido da Sonangol no BCP apenas serve para alimentar vícios privados de outros accionistas e de uma gestão incapaz.
Portanto, a estratégia da Sonangol terá que passar necessariamente pelo reforço da sua posição e promover a concentração accionista, onde apenas os mais fortes podem ter presença, sem um núcleo accionista forte o banco vai continuar com uma gestão ineficiente. O segundo passo seria promover uma mudança de gestão, com uma administração mais capaz, com o objectivo de restituir a credibilidade do banco e reforçar a sua competência. Enquanto isto não for feito o BCP vai continuar a ser um barco a deriva e na eminência de afundar, porque não vai poder emitir eternamente divida para cumprir os rácios de actividade, principalmente, se os piores cenários na Grécia se confirmarem.