segunda-feira, 17 de maio de 2010

As Divisas Também Voam

Hoje no Angonoticias saiu uma notícia interessante e que não constitui surpresa nenhuma para quem habita por estas latitudes. A notícia fazia menção, as divisas que são confiscadas aos passageiros no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, não constitui novidade nenhuma que existem imensos, senão mesmo a totalidade dos passageiros, que na maioria são expatriados, transportam divisas além dos limites legais permitidos, entenda-se, transportam dólares porque kwanzas não interessam a ninguém.
Quando existem entraves ao envio de remessas para o exterior, nomeadamente, o estabelecimento de limites máximos de envio, e além disso, o expatriado não tem ao seu alcance meios para enviar as suas remessas e não pretende permanecer com elas em território angolano, a forma mais simples de fintar as limitações legais é muitas vezes levar os seus dólares colados ao corpo.
Basta supor a seguinte situação empírica, se 250.000 expatriados adoptarem esta prática e cada um fizer 4 viagens de ida e volta ao seu país por ano, e em cada viagem transportar 20.000 dólares, saem do país sem controlo 20.000.000.000 dólares.
Isto ao nível do cidadão particular, agora podemos imaginar, a magnitude que este tipo de situações pode ter ao nível das multinacionais?
Por exemplo, basta pensar numa multinacional portuguesa com presença global em vários mercados, essa multinacional prepara-se para investir num projecto na Líbia, o projecto esta denominado em dólares e a empresa terá necessidade de financiar parte do projecto, portanto, terá que analisar diferentes fontes de financiamento, tendo em conta o diferencial entre taxas de cambio e das taxas de juro, poderá ser vantajoso para a empresa endividar-se em dólares em Angola para financiar o seu projecto na Líbia, ao mesmo tempo, entra no mercado de derivados em Portugal para contratar um instrumento derivado para fixar a taxa de cambio a seu favor eliminando o risco da operação, sem ninguém dar por isso, a empresa pode estar a contrair financiamento barato em Angola, sempre que os diferenciais de taxas de cambio e de juro o justificarem, para financiar projectos em outras partes do globo onde o financiamento é mais caro, e utilizando um simples produto derivado, devolve novamente moeda barata ao pais de origem do financiamento.