sábado, 29 de maio de 2010

Uma Nova Política

Parece que a UNITA vive um momento de indefinição em relação ao seu futuro, que resulta da sua incapacidade para perceber a insatisfação do povo angolano e encontrar um discurso político adequado. As últimas eleições demonstraram que a UNITA perdeu grande parte do seu eleitorado, ou pior do que isso, a base social da UNITA não era tão grande como se suponha ser, sendo um partido sobreavaliado no seu apoio popular.
Pode resultar um paradoxo tentar perceber como num país com tão flagrantes desigualdades sociais, o partido do governo tenha uma maioria democrática tão esmagadora, que apenas, se explica porque existe na população a percepção de que a UNITA não é uma alternativa credível.
Tal como acontece nas empresas, quando termina o ciclo de vida dos seus produtos, a empresa reinventa-se e lança novos produtos, ou então, fecha as portas e dá lugar a outras empresas.
Penso que será este o dilema que ocupa os pensamentos de Abel Chivukuvuku, refundar politicamente a UNITA ou procurar um espaço político próprio. Reposicionar a UNITA dependerá muito das forças internas, se existir uma grande resistência para a mudança, impedindo o surgimento de um projecto político ganhador e com perspectivas de crescimento político, haverá um estímulo para Abel Chivukuvuku procurar um novo projecto político.
Quando o estigma do passado é muito grande e muito presente na memória colectiva, é preferível iniciar um projecto do zero, sem sombras e sem pesos, no entanto, este caminho é o mais difícil porque depende dos apoios que conseguir reunir para encerrar a porta do passado e defrontar a maquina trituradora do MPLA na política angolana.