terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

BNA Gate

Há já alguns longos meses que assistimos a famigerada novela que envolve o Banco Nacional de Angola num suposto ilícito criminal. Tenho que confessar que resulta um pouco estranho que um Banco Central possa ser palco de apropriação indevida de fundos, a possibilidade de desvios de dinheiros públicos no Banco Nacional de Angola deveria suscitar a maior das apreensões. Porque aos olhos do mundo chega a ser anedótico que tal aconteça, é totalmente inconcebível, que o supervisor e o regulador financeiro, seja o expoente máximo na promoção da corrupção.
A situação é tanto mais grave quando existem suspeitas nos EUA de que o seu território e os seus agentes financeiros foram utilizados para o branqueamento de capitais angolanos, o que não abona em nada para o prestígio das autoridades angolanas. Talvez, os leitores estarão a pensar que os políticos não estão nada preocupados com esses pormenores sem importância, no entanto, se assim for não poderão sentir-se ofendidos quando um Bob Geldof qualquer os expõe a vergonha internacional.
Fico a pensar que condições e que competência poderá ter o Banco Nacional de Angola para gerir o Fundo Soberano que foi criado pelo Estado? Um Fundo Soberano baseia-se na acumulação excessiva de divisas, como sabemos, a gestão das reservas cambiais é da responsabilidade do Banco Nacional de Angola, pergunto-me que credibilidade terá um Banco Central onde os seus funcionários são responsáveis por desvios de fundos, para gerir um fundo desta natureza e desta importância? Qual será o País ou investidor que quererá relacionar-se com um Fundo que levanta tantas suspeições e reservas? Apesar, de todas as interrogações, até o momento não se conhece nenhum rosto envolvido e sob a alçada da justiça, o que me faz questionar, não será esta situação dos desvios no BNA uma cortina de fumo, para desviar atenções e para permitir que um instrumento como o Fundo Soberano possa ser gerido fora do controlo do Banco Nacional de Angola?