domingo, 20 de junho de 2010

Efeitos da Politica Monetária

A crise financeira internacional eclodiu em dois momentos, quando o barril de crude atingiu o seu máximo histórico e com a falência do Lehman Brothers. A subida galopante do preço do crude era uma boa noticia para a economia angolana, alias, muito da estratégia económica angolana passava por ser o maior exportador de crude do continente africano, portanto, a subida agressiva do preço do crude parecia ser um indicador de saúde económica para Angola, provavelmente, poucos pensaram que a crise pudesse desembarcar em Luanda.
O preço mostrou-se insustentável, Bancos de Investimento começaram a especular contra as posições de outros Bancos de Investimento, o preço do crude quebrou e caiu em flecha arrastando toda a economia mundial e por inerência o sistema financeiro.
Em Angola começavam a surgir as primeiras notícias de quebras fortes nas reservas internacionais líquidas, gerou-se o pânico e a apreensão, a fonte de receita tinha secado e o dólar parecia desvanecer.
O Governo decidiu então usar a política monetária para estabilizar a economia, aumentou a taxa de redesconto para 25% e aumentou as reservas obrigatórias para 30%, a consequência imediata, foi a contracção do crédito e a contracção da criação monetária.
O objectivo da medida seria estabilizar as reservas, com um kwanza mais forte, resultado da elevação das taxas de juros e da contracção dos agregados monetários, além disso, a medida impediria a escalada da inflação.
O efeito negativo destas medidas fez-se sentir na contracção da actividade económica, menos crédito, uma maior escassez de liquidez, houve um efeito de crowding out na economia angolana, ou seja, devido a escassez do crédito nem todos os bons projectos encontraram financiamento, portanto, financiar um bom projecto implicava sempre preterir outros bons projectos.
Não foi por acaso que assistimos no final do ano a entrada do FMI em Angola para equilibrar a balança de pagamentos, devido, as crescentes dificuldades de tesouraria do Estado angolano em honrar os seus compromissos.
A política monetária não se veio a revelar tão bem sucedida como se pretendia, mas foi possivelmente, um pré-requisito necessário para permitir um acordo com o FMI. Com o recuperar dos preços do crude parecem dissipar-se os efeitos da crise, o PIB angolano vai voltar a crescer aproximadamente 2 dígitos mas os problemas estruturais da economia angolana continuam a existir e não deixaram de ser os mesmos: uma economia pouco diversificada (o que implica um grande peso das importações) e petro-dependente.