quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Ciclo Unipessoal do Poder

Na teoria económica é frequente considerar que o ciclo político pode condicionar o ciclo económico, porque existe sempre a tendência dos Governos tomarem medidas politicas mais populares quando as eleições se aproximam com o intuito de assegurar a sua reeleição. Normalmente, nesses períodos os Governos reduzem os impostos e aumentam a despesa para dar a sensação de uma maior prosperidade à população. Somente, em períodos de grande crise, parece ser quando o ciclo económico se sobrepõe ao ciclo político, exigindo medidas e reformas duras que acabam sempre por ditar o afastamento do executivo do poder pela impopularidade e pelo descontentamento que despertam nas populações.
Em Angola, vivemos numa inconstante indefinição em relação as eleições presidenciais, já se especulou com eleições em 2010, agora, especulamos com eleições em 2012, pessoalmente, acho que num país com as características de Angola, uma jovem democracia que acaba de sair de uma guerra civil, as eleições devem ser realizadas num clima de maior estabilidade possível, de forma, que o povo possa exprimir a sua vontade da forma mais serena e consciente possível, próprio de uma sociedade madura, nesse sentido, eleições num cenário próximo não me parece oportuno.
Agora, o que também não é possível, é o ciclo pessoal, de uma só pessoa, condicionar o ciclo politico e económico de todo um país, não é aceitável esta sistemática especulação e indefinição em relação as futuras eleições presidenciais, é um assunto que exige máxima ponderação e responsabilidade, quando se avança com uma data, alias, que devia ser estabelecida por lei, não se pode depois voltar atrás perante toda a opinião pública e internacional, porque estas indecisões geram incerteza e preocupação que acabam sempre por fazer danos na imagem do país. Gostaria que em Angola sobre certos assuntos existisse mais ponderação e mais responsabilidade antes de tomar determinadas decisões.