sábado, 2 de janeiro de 2010

O Estranho Negócio do Banif

O ano que acabou não deixará grande saudade à maioria das pessoas mas com toda a certeza ficará na memória de todos nós, principalmente, se considerarmos os episódios que tiveram origem em 2009 e que irão ter repercussões em 2010, nestes episódios incluo a queixa crime apresentada pelo Estado angolano na Procuradoria Geral da República portuguesa, devido a uma alegada burla na aquisição de acções do Banif.
Confesso que não tenho uma opinião formada sobre este episódio porque ainda não são conhecidos muitos contornos sobre o caso, no entanto, não entendo como um Estado Soberano pode mandatar um individuo para à aquisição de uma posição relevante numa Instituição Bancária, uma operação que envolve milhões, com base em apenas num acordo verbal, sem um contrato escrito, sem nenhuma espécie de garantia e pelos vistos sem nenhum controlo. A ser verdade esta situação, creio que Angola provavelmente fez o maior elogio de sempre à Santa Ingenuidade, somente, falta mandar construir o Altar e acender as velas.
O estranho negócio do Banif promete ser bastante interessante porque permitirá aferir o verdadeiro peso politico de Angola sobre Portugal, tendo o caso ganho contornos mediáticos, com o próprio Estado angolano a constituir-se à parte queixosa e de acusação, sabendo que à justiça portuguesa se caracteriza pela morosidade e pela ineficiência, será interessante assistir o desenrolar e o desfecho deste caso, que promete não ser nada pacifico, primeiro; porque de um lado está Angola onde Portugal tem vastos interesses, segundo; do outro lado, está uma Instituição Financeira com um peso relevante em Portugal, em terceiro, do outro lado está a justiça que supostamente é um poder independente e por fim temos um teste à verdadeira força diplomática angolana, no sentido, de não permitir o arquivamento ou a prescrição deste caso.
Há um dado a reter, com a constituição do próprio Estado angolano como parte queixosa e de acusação, o Estado angolano está a ir à jogo com o seu próprio prestigio, principalmente, se este caso não tiver consequências e acabar sem dignidade, ainda podemos reter outro dado, se o empenhamento do Estado angolano neste caso for real, independentemente do resultado final, existirão sempre danos colaterais.