segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Perspectivas Económicas para 2010

Os principais analistas apontam para um crescimento da economia mundial de 2,9% em 2010, contra os -2,2% verificados em 2009. O ano de 2010 já é apelidado por muitos economistas como o ano da grande estabilização. No entanto, grande parte da performance de 2010 vai depender da sabedoria com que as principais economias vão retirar os seus programas de estímulo fiscal e monetário, nomeadamente, nos EUA e na UE.
Os principais indicadores de confiança empresarial apresentam valores positivos, o que é um bom indicador para a recuperação que se avizinha, ainda assim temos que considerar algumas especificidades, nos EUA a retoma poderá ser sustentável se ela for acompanhada com a criação de emprego, se assim for podemos afastar um cenário de recessão em W e assumir que esta recessão foi em V e o pior já passou. Do outro lado do Atlântico, na UE, apesar dos sinais de retoma da Alemanha, a situação é mais delicada, nomeadamente, devido ao descontrolo das contas públicas na Grécia e na Irlanda, sendo, Itália, Espanha e Portugal incógnitas. Perante este cenário de rotura financeira cuja correcção exige reformas duras, se ainda considerarmos a pressão das agências de Rating, é possível, assistirmos uma perda de robustez do Euro. Não seria surpreendente assistirmos a uma valorização do Dólar, principalmente, se a FED for a primeira a rever as suas taxas de referência.
Uma ligeira valorização do dólar permitirá estabilizar o preço crude à USD 85 à USD 95 o barril, estes efeitos serão positivos na economia angolana, principalmente, nas contas públicas e na composição da balança de pagamentos, no entanto, uma desvalorização do Euro fará com que as importações sejam mais baratas e por sua vez aumentará a pressão importadora em detrimento da produção nacional.
Não é expectável que Angola verifique incrementos de investimento directo estrangeiro, ainda se verifica um excesso de sobrecapacidade instalada, muitas empresas continuarão a desinvestir para obter liquidez e reduzir o endividamento, não haverá incrementos no consumo porque as principais economias, nomeadamente, aquelas com uma maior propensão marginal do consumo continuam excessivamente endividadas, um endividamento reforçado para alimentar os seus deficits públicos, portanto, se Angola pretender dar continuidade aos seus programas de industrialização e de diversificação económica terá que contar com os empresários nacionais, ou então, o Estado terá que substituir-se aos privados.
A economia angolana será alimentada, basicamente, pelas fontes tradicionais, ou seja, um preço do crude ao seu nível natural, a continuação dos programas de infra-estruturação do país, que envolvem grandes obras públicas e quiçá a recuperação do sector diamantífero. Não prevejo grandes alterações no sector não petrolífero.
É expectável uma recuperação económica em Angola, mas não acredito que a economia possa crescer ao nível dos dois dígitos, acredito que seja mais sensato apontar para um crescimento na linha das outras economias emergentes, na ordem, dos 6% à 8%.