sábado, 9 de janeiro de 2010

A Recordação de um Fracasso

A organização da CAN 2010 supôs uma grande aposta de Angola, era e é um compromisso de alto nível, pois trata-se de um evento com repercussões internacionais e que implicou um grande investimento do Estado. Um investimento em novas infra-estruturas, com a construção de novos equipamentos desportivos, um forte investimento na divulgação internacional, com o objectivo de criar uma nova imagem e uma marca chamada Angola, um país reconciliado e com um futuro promissor, e por fim, um investimento colectivo de todos os angolanos para fazer realidade um sonho chamado CAN 2010.
Angola respirou nos últimos anos uma brisa inspiradora caracterizada por um crescimento económico vigoroso (com a excepção de 2009), umas eleições exemplares, a visita do Papa e para culminar com chave de ouro a organização da CAN. O evento ficou inevitavelmente manchado com este atentado, se antes deste episódio já era questionável a rentabilidade deste investimento, hoje, além de se questionar este mau investimento, temos de questionar a má imagem que Angola inevitavelmente deixa ao mundo. É impressionante como um grupo de fanáticos pode por em causa o esforço de todo um país com um acto de verdadeira barbárie, o efeito de alavancagem da CAN na economia angolana ficou totalmente amputado. O país ficou inevitavelmente associado a uma má imagem, de insegurança (um ninho de terroristas), as imagens correram todo o mundo, permitindo uma publicidade quase demencial a um movimento separatista. Algo que deveria ter contribuído para aumentar a auto-estima do povo angolano, ser uma afirmação de Angola enquanto país, provavelmente, será recordado com alguma amargura, como o retrato de mais um fracasso.