sábado, 16 de janeiro de 2010

Um Paradoxo Económico

Foi já há alguns anos que li pela primeira vez um livro de George Soros que tem uma interpretação muito própria dos fenómenos económicos. Um economista de descendência húngara propulsor dos Hedge Funds e que fez sucesso nos mercados financeiros quando quebrou a libra esterlina.
Soros explicava no seu livro o movimento dos capitais, que têm tendência para deslocar-se do centro para as periferias em busca de maiores rentabilidades, considerando-se o centro como os países ricos enquanto as periferias os países emergentes. Esta movimentação explica-se pelo facto das periferias, os países emergentes, serem economias que crescem a taxas mais elevadas e a ritmos mais rápidos, e onde as economias mais desenvolvidas têm maiores vantagens competitivas porque são detentoras de um know-how mais apurado e de uma maior escala. Após atingida a rentabilidade desejada a tendência dos capitais é para abandonar a periferia e regressar ao centro. Este é um dos factores que explica a maior volatilidade dos fluxos de capitais em relação ao investimento directo estrangeiro.
Em Angola começamos a assistir, tal como em outros países emergentes, a um movimento inverso, um movimento de capitais com origem na periferia que se desloca para o centro, muito deste movimento tem como suporte Fundos Soberanos, no caso angolano, é protagonizado por investidores a titulo individual, a questão é saber se este movimento de capitais é saudável para a economia angolana, no sentido de que Angola se caracteriza por uma grave carência de iniciativa de privada. Sem um sector privado com capacidade de efectuar investimento produtivo que gere emprego e desenvolvimento, será mais difícil que exista poupança e logo consumo interno, portanto, mais difícil será promover a tão ambicionada diversificação económica principalmente quando a prioridade é fomentar a aplicação de capitais em outras economias.
É preciso ter atenção para outro detalhe, os países emergentes que estão a promover esta nova tendência no movimento de capitais, caracterizam-se por serem grandes economias fechadas e com grupos económicos consolidados, algo, que em nada coincide com o perfil de Angola, este movimento de capitais poderá ter um efeito hemorrágico na economia angolana, porque muitas destas participações nem permitem assumir uma posição de controlo.