terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Recapitulando as Perspectivas Económicas de 2009

No início de 2009 tive a oportunidade de escrever um artigo numa revista da especialidade onde tentava perspectivar a evolução económica para esse ano que acabava de iniciar. O ponto de partida era uma estimativa do FMI que apontava para um crescimento da economia mundial de 0,5% e do comércio mundial -2,8%, o objectivo final, era estabelecer uma ponte para a economia angolana.
Os pilares dessa ponte tinham como fundamento os principais factores de risco que a economia angolana se encontrava exposta, entre eles, a evolução do preço do barril de crude, uma cotação média de USD 50 representaria sempre uma grande perda de receitas nas contas públicas, um outro factor, seria a dificuldade e a contracção dos mercados financeiros internacionais, traduzidos pela falta de financiamento e de liquidez, e por fim, o risco cambial associado a quem usa Dólar como meio de pagamento internacional perante um cenário de valorização do Euro.
A consequência imediata seria o aumento do custo da divida soberana e a escassez de meios financeiros, a dificuldade em prosseguir com a infra-estruturação e a reestruturação do país devido à redução do gasto público, acentuada com a redução do investimento privado, uma consequência do facto das principais economias consumirem menos e muitas empresas desinvestirem para obter liquidez.
O cenário não era muito animador, a desaceleração económica era inevitável, mas nunca pensei que fosse tão acentuada em Angola, sempre pensei que o país seguiria a mesma rota das principais economias emergentes, um crescimento do PIB de 5% à 6%, um crescimento de 1% do PIB angolano à verificar-se resulta decepcionante.
Associamos sempre a palavra crise a noção de ameaça, mas muitas vezes as ameaças devem ser encaradas como novas oportunidades, esta crise devia ter sido encarada como uma oportunidade para aprofundar sectores e diversificar a economia. Para terminar este post deixo o fac-simile do artigo em questão.