terça-feira, 17 de novembro de 2009

Os Equívocos da Politica Financeira Angolana

Normalmente, uma das fontes de prestígio de um país é a sua capacidade de ceder liquidez ao FMI com o intuito, desta instituição, sob condições muito particulares intervir em países com dificuldades especiais, tal como, aconteceu em Angola com a sua balança de pagamentos.
Podemos imaginar Angola como se fosse uma empresa que só vende um produto á vários clientes (exportação de crude), mas como todas as empresas sente necessidade de investir, neste caso, em melhores infra-estruturas para que no futuro possa produzir e vender outros produtos ou serviços com o objectivo de crescer. Convém não esquecer como todas as empresas, Angola tem fornecedores, ou seja, importação.
A conjuntura internacional altera-se, a empresa passa a vender menos, o preço do petróleo baixou, no entanto, a empresa não deixa de comprar aos seus fornecedores e forçosamente terá que pagar as suas facturas, a empresa começa a deparar-se com um problema de crescimento, as suas necessidades de fundo maneio aumentaram mas a tesouraria progressivamente parece ter menos dinheiro.
Angola esta perante um dilema, precisa de crescer mas só pode fazê-lo se reinvestir, neste contexto, o absurdo é constatar que o Banco Nacional de Angola faz uma venda massiva de dólares no mercado para suster o valor do kwanza, foi um acto de gestão incompetente.
A empresa já debilitada na sua estrutura financeira, nomeadamente, nos seus capitais permanentes, estoirou de forma absurda parte das suas reservas, principalmente, se pensarmos que a tendência do dólar nos mercados internacionais é para a sua desvalorização, quando isso acontece, o preço do crude sobe, logo, as reservas de divisas denominadas em dólares voltariam a aumentar, implicando a valorização do kwanza.
Mas voltando a empresa, que poderíamos denominar Angola S.A., com a tesouraria debilitada, ela tem necessidade de reforçar os seus capitais permanentes, pode fazê-lo usando o reforço do seu capital próprio, ou então, com recurso a divida (empréstimo do FMI).
Muitos podem argumentar que o recurso a divida não é bom, a empresa já por si está excessivamente endividada, além disso, não existe direito de sobrecarregar as gerações futuras com o pagamento da divida, no entanto, existe um detalhe que convém não esquecer, a empresa necessita continuar a crescer, só pode fazê-lo com recurso ao auto-financiamento ou com a divida, o alavancamento não é necessariamente mau, bem pelo contrario, sempre e quando a rentabilidade do investimento é superior ao custo do capital (divida), sempre que está condição se verifica existe criação de valor. A questão fundamental, é saber se o Ministério da Economia e das Finanças têm melhores gestores do que o Banco Nacional de Angola?