quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Angola e a Crise

No início do ano fomos confrontados com um cenário económico internacional confrangedor, as expectativas dos agentes económicos foram sistematicamente ajustadas pelas projecções mais cinzentas dos organismos internacionais, Angola foi uma evidência deste facto.
O Banco Mundial começou por prever um abrandamento na actividade económica angolana, inclusivamente, chegou ao ponto de afirmar que Angola entraria em recessão. No entanto, para surpresa de muitos, ou talvez não, a última projecção económica para Angola aponta para um crescimento bem superior a média mundial.
Este crescimento é fácil de explicar, deve-se a convergência do preço do barril de crude para o seu preço natural, implicando, desta forma, um reforço do encaixe de divisas o que permite a estabilização das reservas liquidas e um aumento das receitas do Estado.
A grande virtude da crise, no caso de considerarmos que as crises são detentoras de virtudes, foi ser capaz de expor a fragilidade estrutural da economia angolana, caracterizada por uma grande volatilidade ao nível das receitas, combinado com um nível reduzido de diversificação das suas fontes de receitas, se ainda considerarmos, a grande dependência ao nível das importações, um factor quase inelástico, no caso angolano, as consequências poderiam ter sido muitas mais duras senão fosse Angola um exportador de recursos naturais. Por isso, entende-se a urgência gritante que a diversificação económica implica para Angola, além do mais, trata-se de uma urgência plenamente justificada pela própria crise.